segunda-feira, 4 de outubro de 2010

JASPER JOHNS E A POP ART

Robert Rauschenberg, que, juntamente com JOHNS, disse:

“Vi que as idéias não são bens imóveis. Existe espaço suficiente para se mover, e não é preciso ficar no mesmo lugar ou na imitação. Todo mundo fazia como Kooning, Newman, Reinhardt. Só dois artistas não copiavam outros artistas: JASPER JOHNS e eu“.



I – DADOS CRONOLÓGICOS:


O Expressionismo Abstrato que alcançou o seu auge nos anos de 1940 até os de 1950, também chamado de “pintura de ação” e “Escola de Nova York”, será substituído por jovens inovadores de meados dos anos cinquenta que rebelaram contra fazer pintura de ação, jogando galões de tinta sobre as telas para faturar sobre algo que rapidamente se tornou uma padronização.
Em 1953, RAUSCHENBERG produziu uma obra de arte apagando um desenho feito por Kooning e esse gesto simbolizou o surgimento de um novo movimento: a ARTE PRÉ-POP e pôs fim ao domínio da abstração no mundo da arte.


II – CARACTERÍSTICAS:

Obra que denuncia o sistema, com as armas do sistema; critica o sistema, mas faz parte do sistema.

A POP ART sempre manteve uma relação incestuosa com a publicidade e a sociedade de consumo. A nova arte destacava o valor iconográfico da sociedade e apropriava-se de imagens e temas tomados do dia a dia e da cultura de massa. Objetos industriais, embalagens, cartazes, fotografias de celebridades e manchetes de jornal saiam do cotidiano para compor obras de arte. Na busca por uma linguagem acessível ao público, a POP ART foi à manifestação plástica de uma sociedade de consumo em expansão, onde a própria arte se convertia em mais um objeto produzido em série.

Crítica à cultura de massa

Os artistas deste movimento buscaram inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, aproximando-se e, ao mesmo tempo, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas de refrigerante, embalagens de alimentos, histórias em quadrinhos, bandeiras, panfletos de propagandas e outros objetos serviram de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas.

Materiais usados

Os materiais mais usados pelos artistas da POP ART eram derivados das novas tecnologias que surgiram em meados do século XX.



III – JASPER JOHNS (Augusta, Georgia, 15 de Maio de 1930)




Estudo da ambiguidade e da metamorfose...um exercício intelectual.

JOHNS nasceu na Geórgia e estudou na Universidade da Carolina do Sul entre 1947 e 1948.
Sobre esta fase da sua vida afirmou: “no sítio onde eu era uma criança, não havia artistas nem arte; assim não sabia o que isso queria dizer. Creio que pensava que isso significava que estaria numa situação diferente daquela em que me encontrava.”
Em 1949, muda-se para Nova Iorque ingressando numa escola de arte comercial, a Parsons School of Design.
De 1952-1953 cumpre serviço militar no Japão, durante a Guerra da Coréia.
De volta à Nova Iorque, envolve-se com artistas contemporâneos. JOHNS não vinha de escola de elite, não sabia se promover, nem tinha muita paciência com o ambiente de vanguarda de Nova York nos anos 1950.
JOHNS trabalhou com decorações de vitrines. Uma vitrine da Tiffany ostentava batatas falsas, terra verdadeira e diamantes verdadeiros.
JOHNS é inovador, antitético, dualista e problemático. O artista trabalhou além de quadros, entalhes, esculturas, litografias e com decoração de vitrines, combinando artifício e realidade, transformando a arte em um exercício intelectual, possibilitando uma diversidade de leitura.
De início, JOHNS pintou objetos vulgares, bandeiras, mapas, algarismos e só em 1958, acrescentou relevo aos seus quadros incluindo utensílios como escovas, latas, pincéis ou letras, transformando-se num precursor de transição entre o Expressionismo Abstrato para a Pop Art, pondo fim ao domínio da abstração no mundo da arte.
Mas, tinha uma percepção clara de como a estética estava mudando depois da Segunda Guerra Mundial, principalmente por causa do consumo e isso soube traduzir visualmente, elegendo como temas objetos bem conhecidos, de duas dimensões, como bandeiras, alvos e mapas, “coisas que a mente já conhece”, dizia ele, que “me deram espaço para trabalhar em outros níveis”.
Sua arte era intencionalmente oblíqua, fria e distante, mas aberta a múltiplas interpretações.
Jasper Johns não vinha de escola de elite, não sabia se promover, nem tinha muita paciência com o ambiente de vanguarda de Nova York nos anos 1950.
Contrariamente a muitos outros artistas, JOHNS viu a sua obra reconhecida ainda em vida. Em 1957, expõe coletivamente no Jewish Museum, onde conhece Leo Castelli; no ano seguinte, este organiza a sua primeira exposição individual, na galeria da qual era dono. Ainda em 1958, Johns expõe no pavilhão americano da Bienal de Veneza.
Em 1960, construiu moldes em bronze de objetos cotidianos, como o Bronze Pintado, participou com John Cage em decorações de happenings e nas coreografias de Mercê Cunningham.
Os anos 60 representam para JOHNS o reconhecimento de suas obras na Europa (1961), e depois, e na Bienal de Veneza (1964).


Ale Cans, 1964

Até ao final dos anos 60, e década de 70, a obra de Jasper Johns retorna aos seus habituais motivos de bandeiras, alvos e números. No entanto, em 1967, Johns introduz nos seus quadros o padrão flagstones, como é exemplo disso Luz de Harlem, que lembra uma parede pintada de forma irregular. Mais tarde, já nos anos 70, Johns desenvolve esta ideia criando os crosswatchings (traços coloridos, paralelos e sobrepostos), de que são exemplo os seus quadros Mulheres Chorosas (1975), A Árvore do Cabeleireiro (1975) e Usuyuki (1978), retomando ao expressionismo abstrato, apresentando, de novo, as bandeiras, acompanhadas de colagens e de crosswatchings, como se vê em Ventríloquo (1983), ou no conjunto As Quatro Estações (1986), apresentada, e premiada, na Bienal de Veneza em 1988.



Usuyuki, 1978


IV – FLAG (1954-55)

"Será esta uma bandeira ou uma pintura?"


Flag. 1954–55
Encaustic, oil, and collage on fabric mounted on plywood (three panels)
42 1/4 x 60 5/8" (107.3 x 154 cm)
The Museum of Modern Art, New York


FLAG um dos trabalhos mais famosos de JOHNS apresenta um símbolo conhecido: a bandeira norte-americana que é também uma composição formal de linhas, formas geométricas e cores.
Trata-se de um ícone importantíssimo para os norte-americanos, símbolo de honra e orgulho, no entanto, ela é um objeto desprovido de significados, o espectador atribui valores a ela, portanto é uma visão subjetiva.
JOHNS deu nova identidade ao objeto/bandeira. Ela está livre de qualquer carga de heroísmo e nacionalismo, assim, torna-se impessoal, imparcial e fria e, adquire somente forma da bandeira com a caligrafia artística pessoal, trazendo para o mundo do consumo, um ícone reduzido à mera condição de pretexto para a pintura.
O jogo entre o realismo, a bandeira em seu sentido real e o artifício que a tela propõe, a criação artista, é um dos elementos valorizados na arte de JOHNS.
Mais tarde, durante as suas exposições em Paris, as suas bandeiras são vistas, por alguns críticos, como divulgação nacionalista. O tratamento peculiar dado às suas telas tem origem numa técnica denominada encáustica, que consiste em diluir a tinta em cera quente.

2 comentários:

jennyfer disse...

oi adorei toda a historia

jennyfer disse...

oi adorei toda a historia