segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

REVISÃO FUVEST 2011 - ESTRUTURA DAS OBRAS


ESTRUTURA DAS OBRAS:


1. “CAPITÃES DA AREIA”:


- não tem propriamente um enredo;

- rompe com a tradição do romance convencional, que supunha rigorosa organização dos fatos e relações de causa e efeito entre os eventos;
- montado por meio de quadros mais ou menos independentes, que registram as andanças das personagens pela cidade de Salvador;
- intercalam notícias de jornal, pequenas reflexões poéticas;
- enredo solto, maleável, que parece flutuar ao sabor das aventuras dos pequeninos heróis;
- privilegia a existência; a movimentação de diferentes tipos sociais; galeria bastante ampla de figuras que irão compor o quadro social de uma comunidade;
- percebe-se uma linha conduzida, ainda que de maneira tênue, por Pedro Bala, que organiza o grupo, determina-lhe a ação, graças à sua coragem e aos seus princípios, e que será uma das únicas personagens a fugir da alienação (juntamente com o Professor e Pirulito);
- dividida em três partes, subdivididas em capítulos ora mais longos, ora mais curtos, precedidas de um pequeno prólogo de caráter jornalístico, que caracterizam e mostram diversas visões sobre o caso.

1. Prólogo – “Cartas à Redação”:

• reportagem publicada no Jornal da Tarde tratando do assalto das crianças à casa de um rico comerciante, num dos bairros mais aristocráticos da capital;
• carta do secretário do chefe de polícia ao mesmo jornal, atribuindo a responsabilidade de coibir os furtos das crianças ao juiz de menores;
• carta do juiz de menores defendendo-se da acusação de negligência;
• carta da mãe de uma das crianças falando das condições miseráveis do reformatório;
• carta do padre José Pedro referendando as acusações da mãe feitas ao reformatório;
• carta do diretor do reformatório defendendo-se das acusações da mãe e do padre;
• reportagem elogiosa do mesmo jornal ao reformatório.

2. 1.ª parte – “Sob a lua, num velho trapiche abandonado”, formada de onze capítulos:
• essa parte constitui propriamente a apresentação do romance, na qual o leitor se depara com a biografia das principais personagens.

3. 2.ª parte – “Noite da grande paz, da grande paz dos teus olhos”, formada de oito capítulos:
• essa parte trata mais especificamente da descoberta do amor por parte de Pedro Bala.

4. 3.ª parte – “Canção da Bahia, canção da liberdade”, formada de oito capítulos:
• essa parte mostra o destino das personagens.


2. “VIDAS SECAS”:


- capítulos quase independentes que não prejudica a unidade da obra. Ao contrário, a vida, a realidade, a própria verdade também são fragmentadas;

- composta por treze capítulos autônomos, que se encaixam de forma descontínua. Para alguns, “Vidas Secas” pertence a um gênero intermediário entre romance e livro de contos;
- formado de cenas e episódios mais ou menos isolados; mas de tal forma solidários que só no contexto adquirem sentido pleno. A continuidade textual explícita somente se opera entre os capítulos 10 /11 e 12/13;
- O sentimento da terra nordestina é o fio condutor da narrativa, materializado nos ásperos e cruéis embates do homem com a natureza da região;
- “Vidas Secas” começa por uma fuga e acaba com outra. Decorre entre duas situações idênticas, de tal modo que o fim, encontrando com o princípio, fechando a ação num círculo. Entre a seca e as águas, a vida do sertanejo se organiza do berço à sepultura, a modo de retorno perpétuo. Como os animais atrelados ao moinho, Fabiano voltará sempre sobre seus passos, sufocado pelo meio físico;
- Trata-se de um determinismo semelhante ao de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, pois retoma o problema dos “dois brasis”: o Brasil sertanejo, miserável e abandonado à própria sorte cujas condições climáticas ajudam a piorar, e o Brasil civilizado e cosmopolita, o Sul.

3. “AUTO DA BARCA DO INFERNO”:


- Alegórico (estratégia simbólica de se dizer uma coisa por meio de outra, ou seja, de representações, por meio de personagens ou objetos, de ideias abstratas, geralmente relacionadas aos vícios e virtudes humanas);

- Ausência de complexidade dramática e de conflitos propriamente ditos;
- Fixação de tipos sociais da época;
- Apesar do estado transcendente que se encontram, seus atos e suas caracterizações são feitos de forma realista;
- Sucessão de quadros sem uma continuidade necessária (teatro de revista);
- Não há culminação dramática (clímax);
- Cenários e montagens simples;
- Compõe um painel rico da época e do mundo em que viveu;
- Narrativas descontínuas.

4. “MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS”:


- publicado anonimamente em folhetins semanais no jornal, Correio Mercantil do Rio de Janeiro, de 27 de junho de 1852 a 31 de julho de 1853, com a autoria atribuída a “um brasileiro”, ganhando logo depois, forma de livro em dois volumes: o primeiro, em 1853 e o segundo, em 1854;

- composta de 48 capítulos (a novela está dividida em duas partes bem distintas: a primeira com 23 capítulos e a segunda com 25);
- capítulos curtos cujos títulos, também pequenos, resumem a ação ou o conflito principal narrado no capítulo;
- episódios são quase autônomos, só ligados pela presença de Leonardo, dando à obra uma estrutura mais de novela que de romance, para ser lida de forma periódica, no folhetim;
- a narrativa apresenta traços técnicos típicos, derivados das narrativas medievais de leitura periódica coletiva, como os enredos paralelos e alternados, que ainda hoje são à base da telenovela;
- cada vez que o autor muda o foco da narrativa, faz uma chamada ao leitor, quase a lembrá-lo de que, apesar de tudo, aquele ainda é o mesmo folhetim;
- tom de crônica que dá leveza e aproxima da fala ao estilo jornalístico.

5. “O CORTIÇO”:



- dividido em 23 capítulos, numerados em romanos, sem títulos disponíveis e
 que contam uma estória com princípio, clímax e desfecho, dentro de uma disposição tradicional.


6. “A CIDADE E AS SERRAS”:



- Prosa composta por 16 capítulos que podem ser divididos em duas partes: a primeira parte é formada pelos capítulos de 1 a 7 e metade do oitavo (A Cidade); e a segunda parte vai de metade do oitavo capítulo até o final do livro (As Serras).


7. “DOM CASMURRO”:

- composto por 148 capítulos curtos, com títulos bem precisos, que refletem o seu conteúdo;

- a narrativa vai lenta até o capítulo XCVII, quando o narrador sai do seminário, "com pouco mais de dezessete anos", focaliza-se, em câmera lenta, a infância e a adolescência, dada necessidade do narrador traçar o perfil dos protagonistas da estória (Bentinho e Capitu).

8. “IRACEMA”:

- composto de trinta e três capítulos curtos, enfeixados por um Prólogo e uma Carta final, o autor concentra-se na linguagem poética, a narração do conflito amoroso entre Iracema e Martim, representantes de duas raças;

- as notas de rodapé aludem à história e geografia da região descrita no romance e elucidam o sentido dos vários termos tupis utilizados por ele. Com essas notas, pode-se perceber todo o trabalho de pesquisa que embasou a criação de “Iracema”. São, portanto, o apoio documental à ficção do autor;
- essa nota contém o “argumento histórico” da lenda que pretende contar. Nela se dão dados da principal personagem masculina, que corresponde à figura histórica do português Martim Soares Moreno; e das figuras históricas dos índios Poti e Jacaúna, que vão ser recriadas ficcionalmente.
- no prólogo discorre sobre a referida obra, afirmando que “(...) o livro é cearense. Foi imaginado aí, na limpidez desse céu de cristalino azul, e depois vazado no coração cheio das recordações vivaces de uma imaginação virgem;
- no epílogo, Alencar divaga que “(...) meio descrido das coisas, e mais dos homens; por isso buscava na literatura diversão à tristeza que me infundia o estado da pátria entorpecida pela indiferença.”

9. “ANTOLOGIA POÉTICA”:


- a 2ª edição revistada e aumentada, de 1960, como texto de referência da mencionada Antologia, teve-se em vista proporcionar o contato com uma seleção de poemas feita pelo próprio autor, o qual fixou, naquela data, o conjunto de poemas depois reproduzido, com alterações de pormenor, nas edições sucessivas da Livraria José Olympio Editora S.A., a partir de 1967. Posteriormente, nos anos de 1990, a mesma seleção passou a ser publicada pela Editora Companhia das Letras, também com pequenas modificações. De todas essas edições, consta uma "Advertência" do Autor, na qual ele expõe seus critérios de seleção e o sentido que atribui ao conjunto.

- o volume abre-se com uma "Advertência" (do autor, sem dúvida, embora sem assinatura, com indicação de local e data): poderia este livro ser dividido em duas partes, correspondentes a dois períodos distintos na poesia do A.
- primeira, transcendental, frequentemente mística, resultante de sua fase cristã e que termina com o poema "Ariana, a mulher", editado em 1936. Salvo, aqui e ali, umas pequenas emendas, a única alteração digna de nota nesta parte foi reduzir-se o poema "O cemitério da madrugada" às quatro estrofes iniciais, no que atendeu o A. a uma velha idéia de seu amigo Rodrigo M.F. de Andrade.
- segunda parte, que abre com o poema "O falso mendigo", o primeiro, ao que se lembra o A., escrito em oposição ao transcendentalismo anterior, pertencem algumas poesias do livro Novos poemas, também representado na outra fase, e os demais versos publicados posteriormente em livros, revistas e jornais. Nela estão nitidamente marcados os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil, mas consistente repulsa ao idealismo dos primeiros anos.
- de permeio foram colocadas as Cinco elegias (1943), como representativas do período de transição entre aquelas duas tendências contraditórias.

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