terça-feira, 18 de janeiro de 2011

CULTURA HIP-HOP


I – INTRODUÇÃO:

Block Party no início da década de 1970

O Hip-Hop (sempre com letras maiúsculas) é uma cultura que consiste em quatro subculturas ou subgrupos artísticos distintos denominados de elementos e baseados na criatividade. Trata-se de uma cultura híbrida, contemporânea e em evolução.


São eles:
1. O DJing: músico sem “instrumentos” ou o criador de sons para o RAP;
2. O B.Boying (a dança B. BOYing, Poppin, Lockin e Up-rockin) representando a dança;
3. O MCing (com ou sem utilizar das técnicas de improviso) representa o canto;
4. O Writing (escritores e/ou graffiteiros) representa a arte plástica, expressão gráfica nas paredes.


Estes estilos artísticos surgiram no ambiente urbano de Nova York, cidade dos Estados Unidos, na passagem dos anos 60 para os anos 70.
O termo foi criado pelo então DJ Afrika Bambaataa (Kahyan Aasim, nascido em 1957), considerado o “padrinho” da cultura Hip-Hop.
DJ Afrika Bambaataa foi líder de uma das maiores gangues, "Black Spades" e trabalhou como DJ em festas desde 70.



O seu interesse pela cultura Hip-Hop nasceu ao ouvir Kool Herc nos toca-discos em 1973. Formou uma pequena ONG chamada de "Bronx River Organization" que logo após passou a se chamar "The Organization", e em, 74 renomeou de "Zulu Nation", inspirado em estudos feitos sobre a história africana, principalmente pelas lutas dos "Zulus" contra o colonialismo e o poder, apesar de aparentemente inferiores.

A "Zulu Nation" organizou festas e debates sobre a cultura Hip-Hop buscando alternativas para transformar o negativismo das gangues em energia positiva, retirarem as pessoas das drogas e substituir as armas por criatividade, integrando-as ao mundo cultural.




II – CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL:

A origem e as raízes da cultura Hip-Hop nasceram no sul do Bronx em Nova Iorque (EUA). Durante os anos 60 em virtude da falta de planejamento urbano, o bairro cresceu desordeiramente o que fez com que ficasse desvalorizado. As famílias de classe média que consistiam em italianos, alemães, irlandeses e judeus se mudaram por causa da qualidade decrescente de vida e, foram substituídas por comunidades afro-americanos mais pobres e famílias hispânicas. Por causa da pobreza crescente os problemas causados por crimes, drogas e desemprego aumentaram.

No ano de 1968 sete adolescentes que se nomearam "Savage Seven" (Sete Selvagens) começaram a aterrorizar o bairro, alicerçando a criação das “Streetgangs” (gangues de rua) que dominaram o Bronx durante seis anos. Entre elas: Black Spades, Savage skulls, Seven Immortals, Ching Alling, Seven Nomads, Black Skulls, Seven Crowns, Latin Kings e Young Lords.


Em 1973 as atividades das gangues alcançaram o topo da criminalidade.

Nessa época Kool Herc, jamaicano que imigrou em 1967 de Kingston para Nova Iorque, chamou a atenção como DJ no Bronx em inúmeras Block Parties (festas feitas em blocos de apartamentos abandonados no Bronx e região), festas em parques e escolas, depois em suas próprias festas em clubes famosos como "Twilight Zone" e "T-connection". A razão do sucesso foi dada pelo fato de fazer as pessoas dançarem sem parar, seguindo a filosofia de Soundsystem de seu país, tocando o Soul e Funk.
Em seguida, criou e desenvolveu uma técnica revolucionária para girar os pratos dos tocas discos.


Kool Herc observou as parte da música que as pessoas mais gostavam e passou a não tocar mais a música inteira, introduzindo os “Breaks” das canções. Como eram só alguns segundos, ele os ampliou usando dois toca-discos com dois discos iguais, dando o nome de Break-Beat, o fundamento musical para B.Boys e B.Girls (Breaker-boys, Breaker-girls: dançarinos que se apavoravam dançando durante estes Breaks) e os MC's (Os Mestres de Cerimônias, artistas no microfone que divertem as pessoas fazendo-as dançar com suas rimas), às vezes comparável ao "Toast" jamaicano.




Alguns dos breaks mais famosos foram: Incredible Bongo Band com Apache, James Brown com Funky Drummer e Give it up or turn loose, Herman Kelly dance to the drummers beat, Jimmy Castor Bunch com It´s just begun entre tantos outros...

GrandMaster Flash completa a trilogia dos DJ´s pioneiros, o terceiro DJ mais importante do inicio da cultura Hip-Hop, teve a brilhante ideia de incluir artesanalmente a sua mesa de mixagem um botão (cross-fader) que lhe permitia passar de um disco para outro sem haver quebra de som. Aprendendo com Herc que os breaks de Funk eram o combustível preferido dos B-Boys e com Bambaataa onde os ir buscar, Flash incendiou tudo ao trazer para o palco os “skills” (capacidade técnica de misturar os discos e fazê-los fluir de forma irrepreensível.
O MC começou por ser uma mera sombra do DJ, limitado a empolgar ao microfone as pessoas funcionando quase como “locutor de festas” ou mestre de cerimônias que não só usava o microfone para comunicar à multidão qual a última celebridade do gueto (ghetto celebrity) a entrar no clube (“hey ya’ll, my man Timmy T is in the house!”) ou dar informação que havia uma mãe à espera do seu filho à porta (“yo, Little Jimmy, stop spinnin’ and head to the door!”). Com o tempo, as rimas foram ficando mais elaboradas, mais complexas e, tal como os “skills” do DJ lhe davam popularidade, as habilidades do MC ao microfone começaram a ser decisivas para arrancar aplausos da multidão.
Dessa forma, nasceu e desenvolveu o Hip-Hop: DJs descobrindo e criando os break-beats, MC's rimando, B.Boys dançando e outros, os Writing, escritores e/ou graffiteiros.


Bambaataa os usou para espalhar sua mensagem, "lutar com criatividade, não com violência!" Com a integração dos quatro elementos da cultura Hip-Hop, a vontade de competir era geral, empurrando todos permanentemente a melhorar e ser o mais criativo possível.










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