domingo, 16 de janeiro de 2011

GIOTTO (1266-1337) - ARTE GÓTICA

“Pintor das narrativas”

Foi discípulo de Cimabue e a característica principal de sua pintura é à identificação da figura dos santos como seres humanos de aparência bem comum. Esses santos com ar humanizado eram os mais importantes das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura.
O artista adotou a linguagem visual dos escultores, procurando obter volume e altura realista nas figuras em suas obras e o pioneiro na introdução do espaço tridimensional na pintura européia.
Em seus trabalhos pela Itália, Giotto fez amizades com o Rei de Nápoles e Bocaccio, que o menciona em seu livro, Decameron.
O Papa Benedito XI quis empregar Giotto, que passaria então dez anos em Roma. Posteriormente, trabalharia para o Rei de Nápoles. Em 1320, ele retornou à Florença, onde chefiaria a construção da Catedral de Florença. Giotto morreu quando pintava "O Juízo Final" para a capela de Bargello, em Florença. Durante uma escavação na Igreja de Santa Reparata, em Florença, foram descobertos ossos na mesma área que Vasari tinha relatado como o túmulo de Giotto. Um exame forense parece ter confirmado que a ossada era mesmo de Giotto.
Os ossos eram de um homem baixo, que pode ter sofrido de uma forma de nanismo. Isso apóia uma tradição da Igreja da Santa Cruz de que um anão que aparece em um dos afrescos é um auto-retrato de Giotto.
De acordo com o historiador Giorgio Vasari, ele teria começado a desenhar ainda com 8 anos, quando era um pastor de ovelhas, fazendo desenhos em rochas. O artista Cimabue, um dos maiores pintores da Toscana, junto com Duccio (em Siena), o teria visto desenhando uma ovelha e pediu ao pai de Giotto para levá-lo para ser o seu aprendiz. Posteriormente, Giotto teria pintado uma mosca no nariz de uma figura com tanta habilidade que seu mestre teria tentado afugentar o inseto várias vezes antes de perceber que se tratava de uma pintura.
O primeiro trabalho importante de Giotto teria sido a série de afrescos que contam a vida de São Francisco no teto da Basílica. Há, no entanto, dúvidas quanto à autoria da obra. Percebe-se a influência da pintura romana no trabalho de Giotto, assim como a influência do gótico francês, bem como da arte bizantina. A aparência realista das figuras causou controvérsia na época.
A cena da “Crucificação” pintada em Florença mostra a clara distinção entre o trabalho de Giotto e o de seu mestre. Para Giotto importa a vida de Jesus como homem.

Em “Retiro de São Joaquim entre os Pastores”, as figuras humanas são maiores do que as árvores e quase se igualam, em altura, às montanhas que compõem a paisagem.
Essa característica de Giotto está atrelada ao contexto histórico-social da sua época: com o surgimento da burguesia, o homem sente-se forte, capaz de conquistar bens materiais, e já não se identifica mais com as figuras dos santos espiritualizados da arte bizantina e românica.




Retiro de São Joaquim Entre Os Pastores (1304-1306) 200 X 185 cm, de Giotto.  Afresco da Capela dos Scrovegni, Pádua Itália.  

Devido ao alto grau de inovação de seu trabalho (introdutor da perspectiva na pintura da época) a pintura de Giotto é de transição para uma visão humanista do mundo, que atingirá o seu ápice no Renascimento. 


Em “O Massacre dos Inocentes”, afresco que se encontra na Capela dos Scrovegni, em Pádua, tendo sido pintado entre 1302 e 1306, representa a narrativa da ideia do desespero, mostrando através do desenho, crianças mortas e um soldado puxando pela perna e pelo braço, que se posiciona isoladamente.

Herodes, Tetrarca da Galiléia, mandou matar todos os meninos com idade inferior a dois anos, por ocasião do nascimento de nosso Redentor, porque os Reis Magos ingenuamente procuraram essa autoridade política e perguntaram-lhe se ouvira falar do Rei dos Judeus, que havia nascido.
O Herodes está na torre e aparenta expressão e gestos de autoridade que podemos observar pela sua geometria e expressão facial, gerando uma narrativa representativa.
Herodes julgou que dois soberanos não caberiam no mesmo Estado. Portanto, era necessário eliminar esse menino. Mandou procurá-lo, e não o encontrou. Ordenou então aquela matança dos inocentes.
Foram esses os primeiros mártires da Igreja Católica. Por que mártires? Por uma razão muito simples: foram mortos por ódio à fé, por ódio a Deus, por ódio ao Menino que lhes dera a honra de terem nascido aproximadamente na mesma data em que Ele veio ao mundo. Assassinados dessa forma foram para o Céu como mártires. São eles os Santos Inocentes.
Quando os anjos apareceram na noite de Natal, proclamaram: “Glória a Deus no mais alto dos Céus, e paz na Terra aos homens de boa vontade”. Mas os primeiros atos que se desenrolam a partir dessa data cheia de luz, repleta de bênção e de paz, são também carregados de ameaças para o futuro. O que parece, para um espírito superficial, estar em contradição com o conteúdo da frase “Paz na Terra aos homens de boa vontade”. Porque se tem a impressão de que os homens de boa vontade não sofreriam nem perseguições nem teriam que lutar.
Dentre os pais e mães de tais crianças, que figuram no afresco de Giotto, provavelmente alguns seriam homens de boa vontade. Entretanto, o que lhes ocorreu? O morticínio de seus filhos. Uma coisa imensamente trágica, portanto.
Numa espécie de tribuna figura Herodes ordenando o massacre. Notam-se os algozes, os executores, que estão procurando pessoas enquanto estas tentam se esquivar.
Num primeiro plano, observa-se uma mulher que evidentemente não quer entregar o filho. Mais adiante se percebem cenas de agitação e de violência. A cena é dramática, e ao mesmo tempo admirável.




A Capella degli Scrovegni, também chamada Arena Chapel, em Pádua, é considerada o maior trabalho de Giotto. Ele retrata cenas da Virgem Maria e da Paixão de Cristo e foi criada entre 1303 e 1310.

Aqui, ele quebra as tradições da narração de cenas medievais. A cena da morte de Cristo foi admirada por muitos artistas renascentistas pela força dramática da cena em seu trabalho. Michelangelo, que estudou a obra de Giotto, inspirou-se nesse trabalho para a pintura da Capela Sistina.
Como era comum na decoração do período medieval, a porção oeste da parede é dominada pelo Julgamento Final.
São muitos os painéis famosos da Capela, incluindo um com a “Adoração dos Magos”, em que aparece uma Estrela de Belém semelhante a um cometa. Giotto viu o Cometa Halley em sua aparição em 1301 no céu italiano e é bem provável que esse objeto astronômico tenha influenciado a estrela da “Adoração”.






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